22 de novembro de 2010

tudo bem.


Em jeito de baile de máscaras, há dias em que vestimos uma personagem que não é nossa... ou por necessidade ou por capricho, ou por vaidade ou por ilusão.
Muitas das vezes a máscara não vai além do sorriso que se devolve quando queríamos gritar em sons furiosos ou da expressão amigável que se responde ao invés da melodia estridente e dissonante que faríamos soar de acordo com as emoções alteradas.
Outras vezes junta-se ao sorriso complacente a expressão inocente do 'está tudo bem', que ao responder pretende ajudar à festa de duas maneiras distintas: lança o par de dança numa volta sem retorno e convence-nos a nós de que uma festa tem sempre música e por isso não pode ter só partes menos agradáveis.

Um 'tudo bem' bem treinado é um passo de dança infalível.
Deixa quem quer saber satisfeito ao mesmo tempo que nos livra da lista extensa de perguntas a que iríamos ter que responder caso a resposta fosse outra.
Com um 'tudo bem' as pessoas seguem os seus caminhos, orgulhosas pela pergunta amável e pela consciência serena. E nós ficamos contentes por não ficarem ali, a massacrarem-nos solene e dolorosamente, com mil perguntas nas quais não queremos sequer pensar.

É que quem pergunta ou não quer saber mesmo disso ou quer saber mais que isso. E a resposta é perfeita para os dois. Não se diz nada a quem quer saber mais do que pode e deve e nada se diz a quem também nada quer saber.

Fica toda a gente satisfeita com o par que recebe.
Apenas o anfitrião da festa, a quem cabe a máscara maior, com o peso de uma música desadequada, com um par desequilibrado e num espartilho apertado, que deixa a alma sufocada em dores que a máscara cobre.

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