2 de agosto de 2010

Dar-te-ia um som, dois sons, três sons.
E dar-tos-ia novamente, repetidamente, até compor uma sinfonia que dignasse aquilo que eu sinto nestas pautas.

Seria um poema melódico que falasse do mundo ao mundo.

Teria tributo porque num agradecimento seria parcialmente baseado.

As notas reflectiriam os amores, os sopros, os suspiros, os desejos, as dúvidas, os sonhos e as pedras do caminho.
As frases terminariam sempre suave e repentinamente para começarem depois com vigor, com sentimento, com o ameno aroma que se sente no fim de um dia de Verão.

Cada pauta reflectiria um valor importante. E iria resumir-se tudo a um compasso de genuinidade.

Cada nota seria apenas o que era, sem pretensões de outra linha ou espaço.

Cada nota seria apenas o que era, sem fingir ser ou sentir ou pensar ou sonhar.

A melodia, no seu conjunto, retrataria o mundo como ele é, num jeito de sonho e realidade, combinando o melhor da vida.

Falar-te-ia de proporcionalidade. Os sorrisos para quem os despertasse seriam. Os abraços para quem os mostrasse fazer por sentir. Os olhares para quem irradiasse o brilho condizente com o mundo.

Falar-te-ia de lições aprendidas que ao ensinar se esquecem. Ser quem se é, sem medos. Lutar pelo que se quer. Não sorrir a quem não é. Não dar a quem não se quer. Não fingir. Escolher o melhor, no melhor, para o melhor.

Seria uma sinfonia, digna e terna, de poemas e contos sobre encontros e desencontros.

Repletas de lutas e tempos de pazes, de perdas e conquistas.

Seria a sinfonia de um professor pianista, perfeitamente perdido e encontrado em si, que ao ensinar teria aprendido que os sonhos e os sorrisos sinceros, genuinamente valem mais que qualquer aparência.

Seria a sinfonia de uma aluna de piano perdida. Que ao aprender encontrara a escolha de um sonho perfeito, sem pretensões vãs ou cruas.

Mas ao terminar, numa suspensão, terminaria com esplendor, num acorde estrangeiro, incógnito, misterioso e desejado, tal como o estrangeiro que percorre e é percorrido, num mundo de sonhos que se querem imortalizar, vivendo-se.