A primeira vez que o sono me falhou, de maneira forte e demarcada, sem querer ou razão, eu aproveitei para conhecer o meu quarto em horas tardias, explorar-lhe as novidades trazidas pela ausência de luz do momento, conhecê-lo com olhos de pessoa cansada mas sem vontade de dormir. É que ter vontade é diferente de ter necessidade.
Mais vezes se seguiram e ficando resumidas a número nenhum as novidades do meu canto, durante a noite, ficar acordada quando todo o mundo dorme e quando o corpo realmente precisa, deixou de fazer o pouco sentido que alguma vez tivera.
Como é ficar acordada enquanto todo o mundo dorme? E ver o nevoeiro que ninguém vê? E sentir a singularidade de um riso na rua que mais ninguém ouve?
Eu sei-o, com maior frequência do que a que seria normal.
Talvez fosse até normal. Talvez eu pudesse manter este ritmo.
Mas não pode ser, não é?
Pois não, que o Sol só brilha durante o dia e a noite só assim é quando o Sol se foi.
Pode pois, que eu já tive um Sol que brilhasse tanto que as noites pareciam dias e os dias pareciam tulipas colhidas num abraço forte e eterno.
A questão está no sentido das coisas, no que elas têm e no que eventualmente lhe damos.
É isso que faz a diferença muitas vezes, quase tantas, como as vezes em que a diferença é feita não pelo sentido das coisas, mas pela sua falta.
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