9 de novembro de 2010

a pessoa.

Eu já acreditei que poderíamos encontrar a pessoa que idealizámos para ser felizes para sempre. Eu já acreditei que as pessoas tinham todas um fundo bom. Eu já acreditei que o amor seria sempre verdadeiro e vencedor.

Mas (que há quase sempre um 'mas') a vida mostrou-me que as histórias de encantar não são para todos. 
Homem alto, charmoso e cavalheiro, salva donzela de uma vida amargurada e vivem felizes para sempre? Não... nem por isso.

Ainda que se elabore uma lista de características que desejaríamos encontrar na pessoa que amamos, isso dificilmente coincidirá na totalidade porque aquilo que idealizamos, quando toca a pessoas e a personalidade, não é simples de moldar, de mudar, de consertar...

Mas se eu pudesse escolher...

Ele teria O olhar. Não queria saber nem de olhos castanhos ou verdes, seria apenas preciso que ele fosse capaz de me fazer sorrir e corar com o olhar, de me convidar a entrar assim que nos olhássemos.

Teria O sorriso, esguio e travesso, num misto de perigo, sedução e ternura, entre doce e proibido.
Precisaria de saber envolver-me as mãos e de brincar com elas, que as minhas mãos são a parte que eu mais gosto em mim, e ainda teria que saber como abraçar-me sem me magoar ou sem me deixar indiferente.

Saberia fazer-me sentir segura quando estivesse por perto.
Gostaria de música, de literatura, de cinema e de futebol. 
Saberia surpreender-me buscando-me para ir ver as estrelas num passeio a pé ou levando-me um poema e um ramo de flores acertando nas tulipas ou nas margaridas e sabendo que eu ficaria feliz se o poema tivesse sido escrito pelo próprio.
Lembrar-se-ia de me agradar sem motivo ou data, seria sempre honesto comigo e saberia como me dizer que eu estava a fazer as coisas erradas, de um modo errado, no tempo errado.

Seria um pouco o meu contra-balanço, revelando uma parte mais racional, teria o espírito de explorador e não me negaria os sonhos quando lhe contasse que adoraria viajar até à Escócia, ao Reino Unido, a Praga, a Itália, à Índia, a Nova Iorque, ao México...acrescentando pormenores ainda mais avassaladores à minha lista de desejos.
Convidar-me-ia para ir a concertos com a mesma facilidade que me viria pegar para comer um gelado de caramelo com pedaços de amêndoa.

Iria respeitar-me como eu fosse e seria sempre sincero, mesmo quando a verdade pudesse doer. 
Saberia apreciar-me, saberia ser ambicioso, saberia ser estupidamente e genuinamente divertido, saberia ser perspicaz e sedutor, com um toque de malicioso em determinadas ocasiões.

Iria fazer-me sentir importante comigo e para ele, lutaria por nós e dar-me-ia as cartas mais bonitas de amor.
Iria saber falar inglês, saberia tocar um instrumento e um dia escreveria uma canção para mim. Ou se fosse um pintor, pintar-me-ia um quadro. Ou sendo um escritor, escreveria um livro, um poema, um conto, para mim, de mim, comigo.

Seria mágico, simples, cúmplice, amigo, doce, sedutor, divertido, verdadeiro, consciente...
Conseguiria fazer com que eu me apaixonasse, todos os dias, de novo por ele. Como se cada dia fosse o primeiro. E amar-me-ia, todos os dias, incondicionalmente, de um modo único, mágico e exclusivo, sem precedentes.

Mas no fundo isto quase nunca interessa, porque quando se gosta de alguém que entra nas nossas vidas, dificilmente podemos escolher ou abdicar disso.
Se gostaríamos de primeiro observar os candidatos, aprovando-os ou não e depois saber que destino lhes dar? Gostaríamos.
Mas na verdade acontece ao contrário... 
Apaixonamo-nos, verificamos a lista de pontinhos que fomos criando ao longo dos tempos e depois eventualmente assumimos que tudo isso terá sido em vão e que o protótipo de pessoa certa nada tem a ver com isso.

É disso que se trata, não é? De uma surpresa? 

1 comentário:

  1. Acho que sim minha linda, um novo amor é sempre uma surpresa.
    Mas sabes que esse homem não existe, não sabes?
    Qdo compramos o "pacote de rebuçados de fruta" , compramo-lo por inteiro com tudo de bom e de mau que ele tem lá dentro. Temos que saborear ao máximo os sabores que mais gostamos e aprender a tolerar os que gostamos menos, pra não deitar-mos fora o pacote a meio.
    Bjkas

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