25 de novembro de 2010

O morrer dos castelos.


Um dia imaginou um castelo, que edificou, que relatou, que escreveu... Hoje as ruínas dele são os meros vestígios que, ou o tempo ou as mágoas ainda não levaram. 
Como em tudo, o que prende a indecisão de reconstruir ou abandonar, é a autenticidade dos sonhos imaginados para aquele jardim repleto de memórias: um dia teria sido o palco de danças, viagens, melodias e projectos; um dia teria sido o êxtase de uma melodia a duas vozes que em uníssono se teriam mostrado infalíveis, elevando-se num plano maior que o mundo, já que o mundo não parecia suficiente para um sentimento tão épico.
É por isso que se debruça afogada em dúvidas sobre a cancela de madeira que veda o acesso ao coreto de pedra do castelo de outrora... não sabe se ainda deve sentar-se num dos bancos de pedra e esperar ou se ir caminhando, com os vestígios de um sonho para trás deixado. 
Ela que era uma princesa e, embora não tivesse o pendente perfeito que hoje procura encontrar, acreditou que a genuinidade dos seus sentimentos a protegeriam de qualquer desamor, de qualquer maçã vermelha ou roca amaldiçoada. 
Mas a vida não é um conto de fadas e os castelos hoje não existem. 
Hoje só há a princesa sentada, com um pé pronto a caminhar e uma mão presa no passado. 

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