8 de junho de 2011

a hora da partida.

Hoje é o último dia do acima das nuvens

A todos os que por acaso vieram cá, aos que seguiam, aos que comentaram, aos que acompanharam este espacinho neste tempo tão escasso... um obrigada.
Talvez um dia volte a fazer sentido.


Por agora termina aqui.

21 de maio de 2011

conquistadores.

Sempre me disseram que não há nada tão eficaz para a concretização de um desejo como a nossa crença. Mas as pessoas teimam em falar por meias palavras e não partilhar todo o discurso.
A vida, hoje acredito, será uma surpresa aos nossos olhos, não pelo que nos trouxer sem nada pedir em troca, mas sim pelo espanto com que nos podemos deparar ao observar a magia de um sonho para o qual trabalhámos e ao realizar-se, nos realizou.
A felicidade poderá ser não mais que um coração cheio de luz, uma mente inspirada em grandes sonhos e um ímpeto sincero e mágico que nos permite transformar os sentimentos em obras ímpares e brilhantes, à medida da nossa imaginação.

Quem saberá se um mundo é suficiente?
A verdade é que muitas vezes os limites e os entraves estão em nós mesmos, que por diversas razões nos deixamos melindrar sem dar uso ao nosso intelecto e à nossa boa vontade.
Tivéssemos aprendido a extravasar cada partícula da nossa alma e por certo haveria pessoas com um espólio de obras capaz de ocupar o seu e outros mil e dois mundos.


Será um mundo suficiente?
Suponho que depende da capacidade que cada um de nós tem para se descobrir e se conquistar e posteriormente partir ao desbravamento de outros mundos... na conquista de um sonho, na sua conquista.

6 de abril de 2011





Sabemos que há coisas especiais na vida quando nos damos conta que ao mesmo pedaço de mundo podemos corresponder um punhado de memórias perfeitas e ainda tanta história para construir.

E essa polivalência da vida tem por certo tanto encanto como a doce consciência de que o tempo dança em passos leves, levando o que parece dia de ontem para o dia de há um ano atrás, trazendo das memórias passadas a inocência necessária para acreditar num amanhã deveras mágico.




18 de março de 2011






Um dos truques de magia da vida está naquele passe quase imperceptível que nos permite aceitá-la.
Assim que formos capazes de aceitar o ciclo do mundo estamos aptos a mostrar-nos.
E quando assim for, seremos capazes de admitir que há em nós pequenas flores em botão que nos deixam renascer uma e outra vez, sem limites, numa Primavera mágica e brilhante.

22 de fevereiro de 2011

i'm an alien .


"Modesty, propriety can lead to notoriety
You could end up as the only one
Gentleness, sobriety are rare in this society
At night a candle's brighter than the sun
Takes more than combat gear to make a man
Takes more than license for a gun
Confront your enemies, avoid them when you can
A gentleman will walk but never run
If "manners maketh man" as someone said
Then he's the hero of the day
It takes a man to suffer ignorance and smile
Be yourself no matter what they say
...
whoa i'm an alien "

Estes dias diziam-me que as melhores imagens são as que nos chamam à atenção pela diferença do normal, do padrão, pela assimetria, pela fuga ao enquadramento genérico... tal como todo o resto: o que é banal não é digno de nota apenas porque segue as normas convencionais, o que é comum não tem comentários por obedecer aos padrões e a vulgaridade não prima por destaque. 
Chegámos a um tempo em que o normal já não é o que se pretende ser, isto porque os padrões se perderam nas voltas do mundo. 
E talvez seja assim... um mundo saturado de cordeiros obedientes, de frases concordantes, de resignações e conformismos, de normas e preceitos que não foram nossos, de vontades e de sonhos demasiado convencionais para os limites longínquos das nossas vontades. 
Sei cada vez mais que a minha vida em muito será diferente daqueles que me rodeiam. Não só pela feliz pluralidade de pessoas que me cercam, mas pela feliz consciência que eu ganhei, de que a história do mundo não se começa pelos acenos concordantes... 
Começa sim com a nota dissonante numa melodia, em tempos bela, que se desajustou do mundo.

14 de fevereiro de 2011

E eu podia...

                                                                         



                                                                ...escolher mil músicas para o dia de hoje, mas deixo esta por aqui.

11 de fevereiro de 2011

senhora do ora.


Era uma senhora de idade, com expressões demarcadas no rosto e no peito anos vários de recordações de vida. Nascera naquela vila e ali fizera uma história com partidas e chegadas, com perdas e vitórias, com poesias e teatros, com melodias e silêncios.
Ora vivendo, ora padecendo. Ora vivendo, ora padecendo.

Tinha uma mão generosa, repleta de moedas para quem batesse ao portão, cheia de histórias para quem quisesse uns minutos de atenção, cheia de sorrisos para quem quisesse passar um serão.
Ora só, ora no mundo. Ora só, ora no mundo.

Perdera o amor da sua vida numa guerra aberta entre o orgulho e a falta de valores, mas estava de consciência tranquila que pese embora o espaço vazio na cama, tinha sempre mil poemas nos lábios e o perfume de outrora ainda a acompanhava.
Ora recordava, ora vivia. Ora recordava, ora vivia.

Era tantas vezes condenada mesmo que nem feitiços soubesse fazer. Ou porque não vestia preto ou porque não ia à igreja ao domingo e até porque das opiniões alheias não queria saber. Não que fosse segura de si, não que os outros não importassem... Mas ela era demasiado sonhadora para perder tempo a explicar os seus ideais a quem não os queria compreender.
Ora tentava, ora se resignava. Ora tentava, ora se resignava.

Sabia cozinhar, fazer tricô e tocar umas modinhas no piano. Já fora de falar francês, espanhol e português com um sotaque de serrano. Lera Pessoa, MRP e até a Bíblia, pelas palavras e não pelas caras… apenas para se alimentar de letras, de pensamentos e opções.
Ora culta, ora nativa. Ora culta, ora nativa.

E enganava-se quem pensasse que a senhora era senil por não pertencer a um lado naquela sociedade. Recebia com facilidade jovens incompreendidos e pessoas conservadoras que se tinham esquecido de como compreender. Gostava de casamentos, namoros e romances às escondidas. Aceitava os desamores, as separações e dificilmente concordava com intrigas. Era amiga do sacristão e do dono do bar. Olhava a estrada antes de atravessar. E quando morresse já sabia o que queria usar.
Ora ciente, ora demasiado consciente. Ora ciente, ora demasiado consciente.

Um dia escreveu um livro de poesias, de histórias e desenhos pequenos. Contou a sua história e reproduziu-a de modo a ofertar, anonimamente fragmentos do seu testemunho nas caixas de correio, entupidas com publicidade, das pessoas da sua vila.
Ora rua abaixo, ora rua acima. Ora rua abaixo, ora rua acima.

E guardou para si a última folha. Onde se lia que o amor é como uma droga que não se perde, que não se troca, que não se deixa... Onde se lia que a vida precisa de ser aceite e nós para a vivermos de nos aceitar precisamos.
Ora sejamos de um lado, ora sejamos do outro. Ora sejamos de um lado, ora sejamos do outro.

Ela era a senhora da rua, do mundo e da vida. Percorrera Paris, Londres e Nova Iorque, fora à Escócia, a Itália e a Macau, estivera na Grécia, na Áustria e em Banguecoque. Tirara fotos, coleccionara 'recuerdos' e só Ele sabe como os seus desejos ainda eram despertos.
Ora sonhando, ora vivendo.  
Ora sentando-se, ora precavendo-se. 

Sabendo decerto, que no dia em que fosse tocada pela última vez numa roca envenenada tal e qual Bela Adormecida, o faria com um olhar sereno e um sorriso bem leve, consciente da sua vida, da sua chegada e da sua partida… e sabendo que os seus valores lhe haviam permitido tornar-se nela, naquela senhora.
Senhora de si, senhora do mundo, senhora de si, senhora dos outros.  

8 de fevereiro de 2011

quotes #7


"Someone once told me that the power in all relationships lies with who ever cares less...
 and he was right. 
But power isn't happiness,
 and I think that maybe happiness comes from caring more about people rather than less..." 

5 de fevereiro de 2011


Há tempos, em conversa, falava-se de momentos da infância... De músicas ou sons que nunca mais esqueceríamos, de imagens que sempre recordávamos com ternura e de aromas que nos colocavam de volta em determinadas cenas.
E eu na altura não fui capaz de saber que momento, que cena, que aroma, que música... me transportavam para a ingénua idade de um só algarismo.
Mas agora sei.
O meu momento será sempre aquela sensação de segurança, entre o sentar ao colo e o encostar da cabeça no peito, encaixada com o pescoço de quem nos segura firmemente.
O sentir do coração de quem nos embala, o poder de respirar o cheiro de quem nos envolve de tão perto, o estremecer de uma ponta do corpo até ao fim da alma quando os braços nos abraçam, num aperto doce... esse é o meu momento.
Se houve tempos em que o mundo parou quando eu usava franja e saia amarela às pregas, foi com toda a certeza nesses momentos. Aliás, o mundo não parou, mas quem me dera a mim poder pará-lo e aproveitar só mais um bocadinho.  Sempre só mais um bocadinho.
Sentir o afecto, a preocupação, a ternura, a inocência, a pureza, num só aroma, num só momento, num só abraço.
Sentem?
O sorriso automático num rosto que se encaixa noutro corpo, o fechar de olhos só para sentir com mais intensidade o carinho do gesto, o arrepio perfeito de uma força que nos aproxima sem magoar e nos sussurra, sem sussurrar, que estará ali sempre, para o bem e para o mal, hoje e amanhã, quando procurar ou só espontaneamente.
Sim, sem dúvida que esse é o meu pedaço de mundo perfeito. E eu tenho sentido saudades disso, de sentir nem que apenas por dois segundos esse abraço não faltará e que por dois segundos apenas estarei com alguém que estará lá sempre para mim.