6 de novembro de 2010

o cair da folha.





A folhas caem em tons acastanhados e de amarelos outonais, como se fossem peças que se vão despindo aos poucos só para ver um pouco mais.
Mas no Outono não se quer ver um pouco mais... Quer-se sempre.
Só que os tons provocados ou pelo nevoeiro que cai à noite, ou pelo sentir de fumo das primeiras lareiras acesas, ou só pelo cair das folhas, provocam em nós essa vontade de ver mais.
Trocando a folha e sendo o tronco o mesmo, as árvores que preenchem as calçadas e os quintais da vila, continuam a ser as árvores que preenchem as calçadas e os quintas da vila.
Mas e nós, que queríamos ver mais, ao trocar e deixando cair as roupas que se espalham sem vento, seremos só nós, iguais a nós mesmos?
São as roupas as folhas, nós os troncos e o Outono a mudança?
Não.
Porque temos em nós todas as estações do ano, todos os dias, em cada sorriso ou em cada olhar, em cada sentir ou pensar.
O cair da folha só deixa a vontade de ver um pouco mais, de ir um pouco mais, de sentir um pouco mais...
Isso e a melodia de fundo que o cair da folha faz sentir, deixam em nós o panorama mais bonito para despir as roupas que nos apertam o ser.
É só deixá-las cair como caem as folhas.
Afinal todos os dias as folhas caem, quer seja Outono lá fora e Primavera cá dentro.

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