18 de janeiro de 2009

*

" Um homem que quer reger a sua orquestra tem de voltar as costas à plateia." - James Cook

Todas as pessoas, em dados momentos, mais ou menos extensos, são sábias.
Tornam-se esporadicamente vividas, cultas, inteligentes, conselheiras e entre outras coisas de bom gosto, videntes até.
Sabem sempre o que os outros devem fazer ou dizer para resolverem os seus problemas.
São óptimos governadores da vida dos outros. E repito, da vida dos outros.

Há outras pessoas que não são tão bem sucedidas na chefia da vida alheia e que têm sérios problemas assumidos, nas suas proprias vidas.
Não sabem qual o caminho a escolher e não se conseguem decidir com clareza sobre o futuro.

Quando estes dois tipos de pessoas se cruzam há influencias a voar de pensamento para pensamento.

O sábio dá palpites e o indeciso, relutante, aceita-os.
Como não sabe mesmo o que fazer, deixa que decidam por ele a sua vida e pouco a pouco, deixa as decisões para os outros, tornando-se mero espectador do seu próprio espectáculo.

Mas um dia vai acordar e olhar com olhos de ver para o palco.
Vai perguntar-se porque razão não é ele quem dirige aquela orquestra, porque razão aplaude e não é aplaudido e porque admira em vez de ser admirado.

Então, vai esquecer todos os palmites que recebeu em dias confusos.

Vai subir ao palco, afastar o contra-maestro que entretanto se apossara do seu lugar, agradecer os aplausos com uma vénia radiante e com um sorriso secreto e virar as costas à enorme plateia que espera a sua graça.

Depois, vai inspirar e expirar, sorrir para os seus músicos, olhar para o alto como quem procura uma benção e como um pequeno pássaro que voa pela primeira vez, irá deixar-se ir pela força do instinto, pela ocasião, pela vontade e pela emoção que lhe for na alma.

Irá orquestrar a sua vida por si.

De costas voltadas para quem assiste e sugere, e de peito aberto para o que realmente interessa.

AnaCatarina*