Quando bate, bate forte.
As saudades são tremores que vêm desde a ponta dos pés e se prolongam até à mais alta estrela para onde canalizamos os desejos no céu.
Ás vezes fazem chorar. Mas é um choro controverso. Se temos saudades é porque houve algo bom para que as tivéssemos. E ter tido algo bom, é bom.
As saudades são espelhos, que nos mostram o que fomos, o que sentimos, o que foi nosso.
As saudades são espasmos cruéis que nos adormecem os músculos e nos deixam ali, vulneráveis à sensação de falta, de alguém, de algum sitio, de um aroma, de um toque.
Ter saudades é perdermo-nos nas recordações quando não podemos viver extasiados e elevados ao auge da adrenalina a fim de ultrapassar os limites das melhores recordações.
Eu hoje perdi-me nas recordações. E perdermo-nos aí é inevitavelmente bater à porta das expectativas de um amanhã. Será melhor? Deixará saudades quando acontecer? Valerá a pena produzir sonhos impecáveis?
As saudades são assim. Inconstantes. Vão e vêm e percorrem todos os socalcos da nossa mente.