10 de outubro de 2010

where do we belong?

Quase como algo premeditado, acredito que cada um de nós tem o seu lugar no mundo. Um lugar, no mundo, para cada um. Tal qual terra prometida, cada um com o seu lugar.

Mas ele não nos é dado, ao acaso. Nem sequer nos é dado, habitualmente.

Quando se pergunta onde pertencemos de facto, dizem que o lugar de cada um de nós, é onde está o coração. A resposta poética é, por vezes, uma ausência de resposta, porque nos incita a outra questão: onde temos nós o coração? 

O nosso lugar no mundo não é algo tão simples e banal como escolher onde iremos estar amanhã. É sobre quem estará connosco, o que conseguiremos retirar de lá, quem seremos nós ali. E é também sobre aquilo que abdicamos ao estar ali, com aquelas pessoas e a retirar aquilo que eventualmente retiraremos. O nosso lugar é sobre nós, sobre o mais profundo de nós mesmos.

Dificilmente poderemos pertencer a um sítio onde, contas feitas, tenhamos mais em falta do que em saldo positivo. 

Por isso, o nosso lugar é sempre connosco. Não é estanque nem imutável. O nosso lugar move-se quando se movem os sonhos, as metas e as posições. O nosso lugar adianta-se à mudança e sobrepõe-se às coincidências... Mas deixa-nos o fardo das mudanças. E isso é o que mais custa. Ninguém gosta de despedidas. E nas mudanças, de lugar para lugar, é certo e sabido que há coisas que se esquecem, outras que simplesmente não se encontram mais e outras ainda que se partem, em mil pedaços de vidro. 

Mas depois, chegamos lá.

Lá é para onde os ventos interiores nos inclinam, para onde as tempestades furtivas nos arrastam e para onde o sol nos parece brilhar. Por isso é que, por muito que até fiquemos sempre no mesmo sítio, mudamos muitas vezes de lugar. Porque o nosso lugar é connosco e nós somos uns seres capazes de viajar com o vento, bem num sopro de momento, sem pestanejar.

2 comentários:

  1. Pertencemos onde nos sentimos em paz e felizes. Que hoje pode ser aqui, amanha ali e no outro dia nao se sabe onde.

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  2. Exacto. Somos uns nómadas, numa versão muito soft, dali para acolá, aproveitando até à última gota a felicidade e indo embora para outro lado quando já não há mais o que absorver do último destino.

    (Ás vezes, e aqui falo por mim, demoramos a saber onde estamos felizes. Ou a tomar consciência de que realmente o somos. )

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