18 de outubro de 2010

reticências.

Antes de ser não  eras de todo,
Nem o sonho, nem vida e amor tão pouco.
Não sei porque chegaste ou porque te busquei,
Se de ingénua me enganei, de ingenuidade morri.

A vida, numa dança cruel, dança,
Um ritmo estupefacto e deslavado,
Sem sedução, música ou esperança.
Não há sol, não há céu, só passado.

As reticências colocadas, com espaço p'ra versos loucos
Que a vida inconsciente escreve aos poucos,
Que os outros não lêem, nem sentem ou levam,
Mas quando alguém perde, eles não perdem.
(Porque só quem ama e tem, perde e perde bem)

Os espaços deixados por preencher ficam até deixarem de o ser.
E essa dança que a vida rodopia, num vai e vem,
Deixa o mundo embriagado de solidão respeitosa,
Encharcado em água ardente de incertezas.

O que fica, ficando se deixa.
O que foi, sendo ficou.
E o que se viveu,
Sem se viver afinal,
Já não volta, já não vem,
Mas dói igual.

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