22 de outubro de 2010

leituras.

"Pode ser o perigo que o atrai, pensa. O facto de estar a transpor um limite perigoso. O facto de cada carícia roubada através da objectiva da câmara ser potencialmente letal para ele.
Ou pode ser simplesmente o facto de ela pertencer a outro.
Até agora, ele nunca se apaixonou. Assusta-o um pouco: a intensidade dessa emoção, a maneira como o rosto dela se intromete nos seus pensamentos, a maneira como os seus dedos traçam o nome dela, a maneira como tudo, de algum modo, conspira para que dela nunca lhe saia da cabeça...
Altera o seu comportamento. Torna-o contraditório; ao mesmo tempo mais e menos tolerante. Quer proceder da maneira correcta, mas, ao agir assim, só pensa em si próprio. Quer vê-la, mas quando isso acontece, foge. Quer que dure para sempre, mas ao mesmo tempo deseja que acabe.


(...)


Os demónios foram feitos para serem vencidos. Talvez não com força bruta, mas com inteligência e astúcia. Já sente a semente de um plano a começar a germinar-lhe no subconsciente. Olha mais uma vez para o seu reflexo, endireita os ombros, limpa o sangue da boca e, finalmente, começa a sorrir.
Não se eu te matar primeiro... 
Porque não? Afinal, já o fez antes. "

É muito mais que um romance banal em que tudo gira à volta de amor.
É repleto de complexidade, personalidade, obsessão... de inteligência que se confunde com calculismo.
Tem um toque fenomenal sobre o poder das cores, sobre a influência das rotinas e dos padrões.

Do que li, gosto. Gosto muito.

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