5 de fevereiro de 2011


Há tempos, em conversa, falava-se de momentos da infância... De músicas ou sons que nunca mais esqueceríamos, de imagens que sempre recordávamos com ternura e de aromas que nos colocavam de volta em determinadas cenas.
E eu na altura não fui capaz de saber que momento, que cena, que aroma, que música... me transportavam para a ingénua idade de um só algarismo.
Mas agora sei.
O meu momento será sempre aquela sensação de segurança, entre o sentar ao colo e o encostar da cabeça no peito, encaixada com o pescoço de quem nos segura firmemente.
O sentir do coração de quem nos embala, o poder de respirar o cheiro de quem nos envolve de tão perto, o estremecer de uma ponta do corpo até ao fim da alma quando os braços nos abraçam, num aperto doce... esse é o meu momento.
Se houve tempos em que o mundo parou quando eu usava franja e saia amarela às pregas, foi com toda a certeza nesses momentos. Aliás, o mundo não parou, mas quem me dera a mim poder pará-lo e aproveitar só mais um bocadinho.  Sempre só mais um bocadinho.
Sentir o afecto, a preocupação, a ternura, a inocência, a pureza, num só aroma, num só momento, num só abraço.
Sentem?
O sorriso automático num rosto que se encaixa noutro corpo, o fechar de olhos só para sentir com mais intensidade o carinho do gesto, o arrepio perfeito de uma força que nos aproxima sem magoar e nos sussurra, sem sussurrar, que estará ali sempre, para o bem e para o mal, hoje e amanhã, quando procurar ou só espontaneamente.
Sim, sem dúvida que esse é o meu pedaço de mundo perfeito. E eu tenho sentido saudades disso, de sentir nem que apenas por dois segundos esse abraço não faltará e que por dois segundos apenas estarei com alguém que estará lá sempre para mim.

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