18 de julho de 2010

flying river.

"O que é que te fez mudar de ideias tão repente? Quero dizer... é uma mudança um bocado radical."


É verdade. Estou a crescer, talvez.

Outros tempos e eu deixar-me-ia ir como um rio para o mar.

Mas acho que não. Vou ser antes um riacho vadio e rebelde.

Ou vistas as coisas de outro modo talvez seja eu o rio principal.

Como sou a decidir o que escrevo, decido que sou o rio principal. Hoje apetece-me um papel maior.

No inicio o rio é pequeno e frágil.

Corre, corre, corre, corre. Vai e desvia-se porque é frágil e o caminho é tortuoso para os que começam.

E agora, acho que após um desvio, que até desperdiçado nem foi, tenta voltar o rio ao seu caminho, na procura da foz.

É, é isso...

Sou um rio.

Quanto à mudança radical, na verdade, respondo-te eu, escrever é a única coisa que se manteve constante em mim, nos meus gostos e bem quereres. A única coisa com um futuro académico que eu goste de fazer. Sim, bem sei que não sabias desta paixão. E tal como desta, de muitas outras também não.
Gosto de cantar e cozinhar e isso não me daria qualquer sucesso nesta vida.

Sucesso? Eu quero sucesso? Não sei, respondo-me depois de me perguntar.

Quero subir alto e isso eu sei. Não só porque haja alguém que me espera.

É só que é ali, ou lá, no alto que eu quero estar.

Quero ser esse rio que suba e ao invés de desaguar se eleva em altos voos.

Podia ser um caminho de pedras e socalcos então, ao invés de um rio, coerentemente.

Eu insisto, sou um rio que sobe e que quer voar.

Está bem, respondes-me. E sei, sei que estranhas esta certeza que trago no olhar. Não é tua nem de ti.

Bem disse, sou um rio e vou subir. E depois um dia voo, todo o rio, pelos céus.


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