7 de junho de 2009

Spiderweb'

Calmamente, como quem procura um recanto sossegado, a aranha procurava o momento certo para construir a sua teia.
Sabia que o tempo não parava e que tinha um prazo a cumprir, mas ainda assim, ela achava que tinha tempo para tudo o que precisava fazer, quer para a sua construção, quer para a sua felicidade.

Os primeiros passos foram os mais difíceis e requereram-lhe mais tempo. Era preciso ganhar confiança, era preciso que a teia e a sua hábil construtora comungassem dos mesmos ideais e quisessem as mesmas coisas e era preciso que se adequassem ambas ao sítio que partilhavam.

À medida que adquiriu confiança, que estabeleceu laços, que se dedicou, a aranha ia ficando cada dia mais feliz e cada dia mais dependente do seu resultado final, da sua teia.

Depressa compôs as últimas linhas da teia. Estas eram as mais agradáveis de fazer. Unificavam todas as pontas em comum, solidificavam as bases que ela tinha erigido e davam segurança a toda a base, davam segurança a toda a relação. Eram as linhas que lhe colocavam os sorrisos de expressão, que a faziam querer continuar a construir sem nunca parar, sem nunca desistir, mesmo que o cansaço também estivesse presente. Eram aquelas linhas e aqueles momentos que a faziam melhor consigo mesma. Finalmente, o seu trabalho fazia sentido e a sua vida parecia valer a pena.

Porém, havia prazos a cumprir e antes que a pequena e frágil aranha pudesse alcançar o seu ténue sonho, o tempo congelou os seus fios e deitou por baixo todos os planos que ela sabia estar prestes a completar.

Faltavam apenas dois pequenos fios.
Dois pequenos fios que impossibilitaram a ligação de um sonho inteiro.

Se a pequena aranha e a sua teia tivessem antecipado um pouco os seus passos e não tivessem demorado tanto tempo nas primeiras linhas, talvez a teia estivesse agora completa e não estivesse agora o tempo como culpado.

Afinal, eram e são só dois fios por fazer.

Terão eles realmente que fazer a diferença?

AnaCatarina

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